sexta-feira, 27 de maio de 2011

TRIBUTO A CELINA BORGES

Luís Fernando de Almeida

“A falsidade de um juízo não chega a constituir, para nós, uma objeção contra ele; é talvez neste ponto que a nossa nova linguagem soa mais estranho. A questão é em que medida ele promove ou conserva a vida, conserva ou até mesmo cultiva a espécie.” (Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal)

Tomei nestas linhas a iniciativa de fazer um elogio de uma alma nobre. É, no entanto, algo no mínimo insólito para mim o elogio de almas nobres, filho do carbono e do amoníaco que sou.

Ilusão, religião e novas possibilidades do sagrado

Conforme a filósofa Olgária Matos, a tradição racionalista tende a tratar a ilusão como um desvio do conhecimento objetivo, aquilo que perturba a boa apreciação das coisas e obstrui o progresso da razão. Como as dicotomias são próprias a essa corrente, cria-se dualidade entre realidade e ilusão. As manifestações religiosas, vistas por esse prisma, podem hoje se incluir nesse registro sem muita objeção.

Sendo a ilusão um categoria do desejo - como convém a nós admitir na conjuntura a que chegamos - que escapa a delimitações objetivistas e deterministas, não se pode fazer corresponder a ela as categorias de verdadeiro e falso.

O movimento do desejo, ao produzir ilusões, cria-nos possibilidades de superar a condição de precariedade e falta em que ele mesmo jaz submerso. Donde se pode esperar, e mesmo querer, que as ilusões permaneçam entre nós e não nos abandonem.

Se Deus está morto, como prestar tributo ao cultivo de sua memória, o signo vazio que se tornou? Na mesma linha de Nietzsche, que diagnostica a morte de Deus, releva considerar que a experiência religiosa já não se avalia pelo seu valor de verdade. Cumpre-nos diante dela a pergunta sobre o que se está promovendo, se a vida e a espécie são cultivadas.

Não se pode dizer que a experiência religiosa persiste entre nós, cristãos ocidentais. A morte de Deus é sentida pelo discurso retórico, hedonista e vazio de nosso mundo. Há, em nosso meio, outras formas de relacionamento com o sagrado, menos institucionalizadas, menos rigorosas e distantes da normatividade restritiva de outros idos.

É justamente num cenário de elaboração e rearranjo do sagrado que despontam figuras como Padre Fábio de Melo e Celina Borges. É ao reconhecimento desta última que dedico estas linhas.

Celina Borges, cantora mineira, segundo descrição de seu sítio eletrônico, está no topo da listagem dos melhores cantores do Brasil, recebeu em 2010 o troféu nacional da música católica nas categorias “Melhor intérprete feminino” e “Melhor compositor”. Em 21 de abril de 2011, Celina recebeu a Medalha de Honra da Inconfidência, a mais alta comenda concedida pelo governo de Minas Gerais a personalidades que contribuíram para o prestígio e projeção da cultura mineira.

A cantora e compositora resgata em suas músicas a linguagem exuberante de Agostinho, a experiência mística e as excentricidades de alguns santos católicos. Num contexto social em que a busca do sagrado se confunde com a busca de experiências sensoriais, as canções de Celina conseguem atender a essa aspiração do presente com o acréscimo de uma elaboração interior da experiência de ser cristão.

Ao revisitar a tradição, as canções alcançam a leveza capaz de tornar a vivência do sagrado um gesto nobre e sofisticado. No álbum Tributo ao Grande Amor, vivências místicas e aspirações altamente espiritualizadas são tratadas com toda a singularidade de sua linguagem.

As canções de Celina Borges constituem-se, a meu ver, num lugar sagrado, separado, de experiência religiosa, em que se faz possível a reorganização de um elemento da cultura capaz de promover a vida e a enriquecer, processo para o qual não contribuem necessariamente categorias como verdadeiro e falso.

NOTAS

1 – Site da cantora: http://www.celinaborges.com.br/

sábado, 7 de maio de 2011

A RELIGIÃO SUMÉRIA


Considerada, em geral, a civilização mais antiga da humanidade, a civilização suméria desenvolveu uma religião muito ligada às forças da natureza. Para os sumérios o homem havia sido criado pelos deuses, do barro, para servi-los. Segundo a tradição, o Universo era governado por um panteão de deuses dos quais podemos destacar as divindades principais: Enlil, deus do vento; Ki, deusa da terra; An, deus do céu e Enki, deus da água.
Cada um dos deuses era ligado a uma cidade e sua importância religiosa era associada ao poder político da mesma. Os templos eram construídos com uma nave central com corredores laterais, sendo que nos flancos ficavam os aposentos sacerdotais, em uma das pontas do corredor ficava uma plataforma usada para os sacrifícios.
Os templos, em geral, tinham nas suas proximidades depósitos. Posteriormente, começaram a construí-los no topo de colinas artificiais, estes templos especiais foram chamados de zigurates e consistem no legado monumental que a civilização e religião sumérias deixaram para a humanidade.